Antonio Longanesi descobriu, por acaso, a uva que foi batizada com seu apelido: Bursôn

O senhor Antonio Longanesi, cujo apelido era justamente Bursôn, passava seus dias de inverno em sua fazenda e, num dia passeando pelo campo, ele ficou intrigado por uma videira selvagem que produzia frutos de sabor intenso e tinha a capacidade de preservá-los intactos até o final de outubro, quando a maioria das uvas das outras videiras já havia apodrecido.

Foi então que Antonio descobriu que entre suas antigas videiras estavam plantados os últimos exemplares dessa variedade que hoje carrega, com carinho, o apelido de seu protetor: Bursôn.

A história desse vinhedo está indissoluvelmente ligada à pequena cidade de Fusignano, onde hoje se encontra a Società Agricola Randi. Pelo fato de a produtora pertencer a uma microrregião cuja maior cidade é Ravenna, os vinhos ali produzidos são rotulados como I.G.T. Ravenna. Essa denominação de origem pertence à macrorregião de Emilia-Romagna, uma área histórica para a viticultura italiana, amplamente impulsionada pelo Império Romano.

A família Longanesi, proprietária da vinícola Randi, decidiu modernizar seu sistema de cultivo das vinhas na década de 1950, com o intuito de garantir a ampliação e a sobrevivência de suas uvas nativas. Nessa época, eles distribuíram algumas mudas para seus conterrâneos e impulsionaram a disseminação das variedades Bursôn e Rambëla, as quais atualmente são os maiores símbolos da viticultura regional.

Hoje os vinhos que derivam dessas uvas são regulamentados por órgãos locais e seguem rigorosas normas de cultivo e produção. Especificamente os rótulos da produtora Randi foram nomeados patrimônios regionais e receberam o título “I’Eccellenza”, que é considerado o reconhecimento máximo para os vinhos de Emilia-Romagna.

Burson-RandiEntre esses vinhos está o Bursôn EtichettaBlu, um 100% Bursôn com produção extremamente reduzida e artesanal em apenas 8 hectares de plantio. Antes de ser comercializado, esse exemplar estagiou por 12 meses em tonéis de aço inox e mais 12 meses em garrafa no produtor. Já seu potencial de guarda é de até 8 anos.

Esse vinho histórico exibe muita vivacidade em taça, ressaltada por sua cor rubi brilhante. Seus aromas evoluem muito com o passar do tempo, destacando notas principais de cereja e ameixa, com toques de ervas, flores e alcaçuz. Já no paladar é um exemplar com o ponto ideal de acidez, taninos agradáveis e muito macios, além de discreta persistência.

Excelentes harmonizações seriam carnes de caça grelhadas, frango ao curry, queijos maturados ou bruschetta de lombo suíno com chutney de tomate. A temperatura ideal de serviço é de 17°C.

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