Fundado em São Paulo, o restaurante italiano Elio Cucuina funciona desde 2000 em Campos do Jordão. Foto: Andrea Leite / Divulgação.

Para quem é fã da autêntica cozinha italiana, Campos do Jordão abriga um restaurante que carrega 55 anos de tradição e foge da badalação do Capivari: Elio Cucina Speciale. Localizado na estrada que leva ao Horto Florestal, o estabelecimento, que na atualidade é comandado pela chef Maria Catão, tem a origem registrada no final da década de 1960, em São Paulo.

Para entender melhor a essência e a contemporaneidade do Elio, é importante voltar no tempo, quando ele ainda funcionava em Higienópolis, em um casarão da rua Gabriel do Santos. Foi lá que, o pai da atual chef e proprietária do restaurante Maria Catão, se encantou pelas receitas italianas e desde os anos 1970, tornou-se frequentador assíduo.

“O seu Elio, um senhor italiano, veio para o Brasil ainda jovem e sempre trabalhou em cozinha. Ele acabou estabelecendo-se em São Paulo, chegou a ser chef do Fasano e depois decidiu abrir o próprio restaurante, daqueles que tinham centenas de pratos no cardápio. Quando ele faleceu, o casarão foi vendido e a filha do seu Elio, a dona Renata, trouxe o restaurante para Campos do Jordão”, contou Maria Catão.

O empresário Marcelo Richtmann, de Campos do Jordão. Foto: Andrea Leite / Degusta Vale.

O pai da atual cozinheira, Marcelo Richtmann, lembra bem desta época: “era um bairro de mansões, na década de 70, o restaurante ficava perto do Pacaembu, que era aquele buchicho, por conta dos jogos. A gente foi se acostumando com aquela linguagem das cantinas. Em São Paulo temos a Roma, super tradicional, na rua Maranhão, a Casa das Massas, que é na rua Tupi, e tinha o Elio, daquelas cantinas italianas que vinham com um carrinho, cheio de aperitivos”.

O empresário ainda completou que, por volta dos anos 2000, a dona Renata e o marido, o seu Francisco, em busca de uma vida mais tranquila, escolheram Campos do Jordão, cidade onde Marcelo e a família sempre mantiveram negócios, para reabrir o Elio Cucina. Depois de instalados na cidade das araucárias, exatamente onde o restaurante funciona ainda hoje, Renata e Francisco mantiveram o estabelecimento por 15 anos.

“Foi, então, que a dona Renata adoeceu. Passei em frente e havia uma placa escrita assim: ‘agradecemos aos nossos clientes e encerramos nossas atividades’. Eu parei o carro na hora, entrei e o seu Francisco estava encaixotando panelas. Levei um susto, o meu lugar de comer macarrão estava indo embora”, relembrou Richtmann.

Chef Maria Catão, do Elio Cuccina. Foto: Andrea Leite / Degusta Vale.

Neste mesmo dia, o empresário falou com a filha, Maria Catão, que já trabalhava com gastronomia em São Paulo. Comprou o imóvel de Campos do Jordão, além da marca, com o propósito de manter as receitas do seu Elio vivas. A filha dele fez um intensivo para conhecer os truques culinários, implantados desde os anos 70 pelo seu Elio, e, ao lado do pai, assumiu o compromisso de manter a cozinha tradicional italiana. “Abrimos em janeiro de 2020. Cinquenta dias depois fechamos com a pandemia. E sobrevivemos com o cadastro de pessoas que tinham frequentado este lugar 50 dias com a gente”.

Clássico. Até hoje, a cozinha do Elio Cucina segue valorizando ingredientes frescos e o preparo artesanal de tudo que é servido no cardápio – pães, massas, molhos são feitos do zero. Das receitas do passado, merecem destaque o Capelete in Brodo e o Raviole a La Maison, ambas receitas que a chef Maria Catão aprendeu a preparar seguindo as dicas da própria dona Renata. Também é uma herança o Tiramisù, sobremesa que era marca registrada do fundador.

“Hoje o nosso cardápio é uma mistura. Tem receitas 100% originais, outras que são uma parceria, digamos assim, porque fiz pequenas mudanças para adequá-las ao mercado, e tem receitas que são minhas, pois no cardápio original não tínhamos, por exemplo, pratos veganos e vegetarianos. Hoje, a nossa missão é dar continuidade a essa história que é tão bonita”, afirmou Maria.

No Elio Cucina, experimentamos o Capelete in Brodo e também as receitas à base de pinhão, já que o restaurante é um dos mais de 30 estabelecimentos que participam até o dia 28 de maio do 3º Festival Gastronômico do Pinhão, promovido pela Associação Cozinha da Mantiqueira. Por isso, ao visitar o restaurante, também são apostas o caldo verde de pinhão e a truta com crosta de pinhão, além da sobremesa “Paçoca de Pinhão”, que consiste no frutinho da araucária triturado e assado com crumble, açúcar e canela.

“Esses pratos permanecem no nosso cardápio a temporada toda e enquanto eu tiver pinhão fresco”, argumentou Maria, ao revelar que no terreno do restaurante há 12 araucárias. “Tem que consumir o pinhão na época certa que é agora, quando ele está fresco e o sabor inigualável”.

SERVIÇO

O Elio Cucina Speciale fica na avenida Pedro Paulo, 4.755, Descansópolis, em CCampos do Jordão. Informações e reservas: (12) 99663-8888. Funciona de quinta a sexta, das 12h às 22h, aos sábados, das 12h às 23h, e aos domingos, das 12h às 16h.

Deixe uma Resposta

dez − 10 =