Vinhedos aos pés da Pedra do Baú em fazenda produtora de vinho em São Bento do Sapucaí. Foto: Divulgação

A safra nacional de 2018 está entre as três melhores da história do Brasil (2005 e 2012), segundo resultado da 26ª Avaliação Nacional de Vinhos, que ocorreu há poucos dias em Bento Gonçalves (RS), onde 120 enólogos provaram 344 amostras de 49 vinícolas.  O reconhecimento confirma a boa fase dos vinhos brasileiros e merece ser duplamente celebrada, já que aqui na região há rótulos de altíssima qualidade sendo produzidos praticamente em nosso quintal.

Bem no coração da Mantiqueira, o sommelier Francisco Lima, do charmoso Empório dos Mellos, de Campos do Jordão, vem se dedicando a disseminar a cultura dos vinhos brasileiros com o projeto “Terroir Brasil – Vinhos do Nosso Quintal”, ao demonstrar para o consumidor que na atualidade temos tecnologia nas vinícolas e enólogos no auge da maturidade profissional para produzir a bebida com qualidade semelhante aos nossos vizinhos Chile e Argentina.

“O nosso projeto é falar que o Brasil produz um vinho legal e a experiência tem sido positiva. O cliente vem, se depara com uma carta 100% brasileira e eu nunca tive uma reclamação a respeito da qualidade dos vinhos. Alguns vêm justamente atrás disso; outros, que estão conhecendo pela primeira vez, logo entendem e embarcam na onda. Buscamos trazer essas pequenas vinícolas do Brasil para o nosso mercado aqui da Serra da Mantiqueira“, disse Francisco Lima.

RÓTULOS. No Empório dos Mellos, o sommelier tem exemplares produzidos em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, entre outras regiões, mas, o que enche os olhos de quem vive no Vale do Paraíba são os rótulos produzidos aqui pertinho, em meio às montanhas da Mantiqueira. É o caso do Baú 9.4, cultivado na face norte da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, na fazenda Portal da Luz.

Baú 9.4 está entre os brasileiros da carta de vinhos do Empório dos Mellos. Foto: divulgação

“O nosso vinho tem uma acidez diferenciada. No verão, quando a temperatura é mais quente, o nível de açúcar da uva é maior e, consequentemente, baixa a acidez. E com terroir de inverno, o nível de açúcar é menor, portanto, você mantém a acidez natural da uva. É um elemento a mais que, às vezes, você não tem em um vinho chileno e no brasileiro é bem claro. Isso deixa o vinho mais longevo, com potencial de envelhecimento maior porque a acidez é um conservante”, explicou Francisco.

O especialista ressalta que o bacana de um vinho nacional é a possibilidade de degustar um rótulo com mais de 10 anos por um preço na faixa de R$ 70. “Se você for tomar um chinelo com essa idade ele já virou vinagre. A produção brasileira está num nível altíssimo. Aqui na região ainda estamos entendendo o nosso terroir. O clima, por exemplo, é diferente do que a uva está acostumada, que são as estações bem definidas. No Brasil nos temos um verão chuvoso e na Mantiqueira, temos a colheita de um inverno que é ensolarado”, afirmou o sommelier.

Francisco Lima divulga a cultura de vinhos brasileiros. Foto: Renata Del Vecchio/Degusta Vale

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