Vovó Du (Duzolina) e Elsa ensinaram a preparar o alimento com amor

Tive o prazer e o privilégio de conviver com meus avós por toda a minha vida. Minhas duas avós eram cozinheiras de mão cheia. Cada uma com um tipo diferente de cozinha, mas o carinho no preparo dos alimentos era comum entre as duas.

A minha vó Du (abreviação de Duzolina) era craque em pães, bolos, tortas, pão de mel e panetone. Não tinha um Natal em que ela não fazia panetone o suficiente para abastecer toda a família, os vizinhos e quem mais aparecesse na casa dela.

Já a minha vó Elsa, ainda viva e com 95 anos, cozinhava comidas árabes. Kibe, babaganuche, homus, charuto de folha de uva, mijadra, esfirra, entre tantas outras delícias. Aprendeu tudo com a sogra que veio do Líbano. Hoje, ela não cozinha mais, mas me passou as receitas e agora se alimenta das minhas comidas, sendo minha cliente mais exigente! Imagina a pressão! Haha.

Elsa me ajudando a preparar comidinhas árabes

O mais bacana disso tudo é que aprendi não só como fazer todos esses pratos, mas também o cuidado e o carinho que se deve ter na cozinha, ingrediente principal para conseguir bons resultados — claro que não chego nem aos pés delas, mas tento fazer parte do aprendizado, e me divirto sempre. A execução sem amor vira apenas mais um prato. Mas quando você coloca esse ingrediente… Ah aí tudo vira alegria!

É necessário o carinho desde a escolha dos ingredientes, na alteração da receita porque o neto mais novo não gosta do ingrediente principal, na troca dos temperos porque o filho odeia coentro, na briguinha com o açougueiro pela qualidade da carne e nas idas e vindas incessantes ao supermercado, até conseguir todos os bons ingredientes do preparo.

Eu, minha irmã Beatriz e a Du

Além disso, fui ensinada, por elas, através da cozinha, a ser generosa. Na casa das minhas avós sempre tinha comida pra mais um, ou dois, ou três. Elas sempre faziam a mais para que, quem chegasse sem avisar, sempre tivesse sua parcela de amor com aquelas comidas maravilhosas. Essa lição, pra mim, não tem preço.

Acredito muito que generosidade e cozinha estão muito ligadas. Você doar sua parcela de carinho, através do alimento é tão lindo e gratificante que convido vocês a tentarem. Porém, generosidade não está necessariamente ligada à quantidade de alimento oferecido, mas, sim, em dividi-lo com o próximo, nem que seja um pouquinho. A doação é parte essencial de uma boa cozinheira.

Hoje eu ofereço um pouco de saúde através dos pratos que produzo, mas ofereço, principalmente, carinho, amor e uma parcela enorme de gratidão, por essas avós maravilhosas que tive e pela oportunidade de tê-las por tanto tempo como tutoras.

Obrigada, avós queridas!

 

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