Em março, quando a “quarentena sem fim” passava a tomar conta das cidades do Estado de São Paulo, um serviço que já era presente no dia a dia de boa parte dos paulistas começava a se tornar imprescindível: o delivery.
Os bares e restaurantes que já funcionavam com esse tipo de serviço, evidentemente saíram na frente. Os pedidos com entrega em casa cresceram em diversas cidades e, assim, era dada a largada para a corrida pela implementação à jato do delivery.
Nesse momento, alguns restaurantes perceberam que implementara entrega em casa não era tão fácil quanto supunham. O serviço vai muito além do “preparar e deixar o entregador fazer o restante”. A quantidade de operações que faz parte da logística de entrega em casa pegou muito empreendedor de “calça curta”. Falta de gestão de produção, desconhecimento dos serviços de entrega, embalagens ruins, falta de entregadores. A lista de desafios é grande, mas a atitude empreendedora também precisou ser.
A reinvenção de bares e restaurantes foi (e continua sendo, lembre-se que ainda estamos em quarentena) incrível. Teve sushiman premiado fazendo delivery pessoalmente, teve restaurante criando pratos exclusivos para a entrega em casa, teve bar desenvolvendo embalagem especial para o cliente que quisesse beber drinks premiados no conforto do lar (com direito a delivery de esfera de gelo e tudo), teve restaurante inaugurando dark kitchen (totalmente dedicado ao delivery) para dar conta da demanda de pedidos.
O delivery desde sempre deveria ser tratado com um pouco mais de carinho. Mais do que uma fonte de renda extra para os restaurantes, a entrega em domicílio precisa ser vista como uma extensão do empreendimento. Os clientes que outrora enchiam as redes sociais com fotos dos mais belos empratamentos, hoje ostentam recados escritos à mão nas embalagens que acabaram de receber. A oportunidade está ali, não sumiu, mas requer adequação. Logo, logo a quarentena vai embora, mas o delivery…Este já tem lugar cativo nas nossas casas.
Breno Koci Guelssi é professor no Centro Universitário Senac – Campos do Jordão no curso superior de Tecnologia em Gastronomia. Possui especializações em confeitaria e panificação avançada pela Lenôtre e em técnicas de preparo Sous Vide pelo Culinary Institute of America em parceria com o Senac São Paulo.