Quando falamos de harmonização, qual a primeira bebida que você lembra? Pois é! Para boa parte das pessoas é o “vinho”. Agora, você já parou pra pensar porque ele, o vinho, é tão facilmente associado a esse conceito?
“… não necessariamente porque o vinho harmoniza com os alimentos melhor que a cerveja”, sugere o canadense Stephen Beaumont em seu livro “Cerveja e Comida – Princípios de harmonização, receitas e guia de degustação”, da editora Publifolha (2016).
Segundo ele, a grande valorização do vinho é só mais um reflexo da cultura francesa presente nos restaurantes do ocidente. Assim como herdamos o “serviço à francesa”, nos apropriamos também do hábito enraizado entre os franceses de consumir vinho.
No entanto, Beaumont lembra que o país europeu é um grande produtor da bebida e isso justifica o alto consumo por lá. E a provocação vai além: “Se a gastronomia ocidental moderna tivesse se originado na Baviera, na Inglaterra…talvez bebêssemos pilsners…”, escreve no livro.
Depois de passear um pouco pela história da gastronomia, o autor resgata a história da cerveja, desde sua produção pelo povos do antigo Egito – que a consideravam um alimento, um pão liquido – até chegar à expansão das cervejarias artesanais no início da década de 1990, que estimulou a busca por mais qualidade na comida preparada e servida nos “gastropubs”.
Já ambientado, o leitor então é apresentado aos ingredientes usados no preparo da cerveja e aos estilos da bebida. É aqui que Stephen faz uma crítica dura ao que ele chama de “necessidade obsessiva de categorizar cada cerveja”. Para ele, o objetivo de informar está dando lugar à confusão.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema que o consumidor pode encontrar ao tentar identificar o “estilo” de determinada cerveja, a Brewers Association, responsável por uma importante competição que elege as melhores bebidas norte-americanas, em 2014 já reconhecia 140 tipos de cerveja.
Diante desse desafio, o livro apresenta os principais estilos – de forma simples – definidos pelo sabor (doce ou amargo, suave ou robusto), subdivididos em estilos mais tradicionais ou secundários. Ainda assim, há muita informação.
Mão na massa. O ponto alto pra quem realmente gosta de colocar a mão na massa é quando, quase já no meio do livro, o autor apresenta a cerveja como ingrediente para diferentes técnicas de preparo dos alimentos, entre elas a marinada, o vapor, o ensopado, o molho e até a fritura.
Na última etapa dessa viagem pelo universo cervejeiro, o leitor é apresentado a diversas casas de diferentes partes do mundo onde é possível apreciar a bebida, entre elas o antigo Aconchego Carioca – filial de São Paulo – que hoje virou o Jiló do Periquito, mas continua no comando de Eduardo Passarelli, umas das personalidades cervejeiras citadas na obra.
Aliás, é dele a receita de Costela na cerveja apresentada na obra. Vale a leitura!
Cerveja e Comida – Princípios de harmonização, receitas e guia de degustação
Stephen Beaumont, Publifolha, 1a. edição, 2016
224 paginas, capa dura