Hoje é dia da nossa bendita e nós não iríamos deixar essa data passar em branco. Então, é claro que vai ter birita com cachaça para vocês!
A nossa caninha é um destilado muito versátil na produção de coquetéis, pois diferente dos outros destilados que são basicamente envelhecidos em carvalho, a nossa cachaça pode ser envelhecida em diversas madeiras nativas e isso se deve à nossa rica natureza. Cada madeira trás uma característica própria para cachaça: umas com influência maior sobre a bebida e outras madeiras apenas conferem um acabamento final para branquinha, dando um pouco mais de resultado na coloração, sabor e aroma, ou seja, equilibrando melhor a cachaça.
Amendoim, bálsamo, sassafrás, ipê-roxo, umburana, freijó, castanheira, jequitibá, entre outras, são apenas algumas das espécies usadas pelas tanoarias para a produção de barris. Algumas regiões são famosas pelo uso de determinadas madeiras como é o caso do bálsamo na região de Salinas, que trás notas herbais para a cachaça e será uma das madeiras escolhidas para um dos nossos coquetéis de hoje.
Memória. Há alguns anos atrás quando comecei trabalhar atrás do balcão, se ouvia muito dizer que cachaça envelhecida era para se apreciar pura e cachaça branca era boa para produzir coquetéis. Felizmente esta ideia vem mudando, pois muitos bartenders e consumidores já encontraram nas cachaças envelhecidas um grande leque de opções para criarem seus drinques.
Eu comecei mudando essa ideia quando conheci coquetéis em que a estrela principal eram as bebidas amadeiradas como é o caso do Manhattan ou Old Fashioned, mas para mim ainda era estranho pensar em um coquetel com influência de madeira, refrescante ou até mesmo levemente doce. Por este motivo, escolhi dois coquetéis para vocês que carregam essa característica.
Bem, bora pra receita e continuamos com nosso papo! Nosso primeiro coquetel é feito com suco de pepino com capim santo, suco de limão siciliano e cachaça envelhecida em bálsamo. Pois é, simples assim. É um coquetel levemente cítrico e bem refrescante devido ao suco de pepino com capim santo, ingredientes que combinam extremamente bem com as notas herbais conferidas pelo bálsamo à cachaça.
SANTO BÁLSAMO
Pra fazer esse coquetel primeiro você precisa fazer o suco do pepino:
500ml de água
200g de pepino
30g de capim santo
50g de açúcar
Bata tudo no liquidificador, coe e reserve.
Santo bálsamo
60 ml de suco de pepino com capim santo
20 ml de suco de limão siciliano
40 ml de cachaça envelhecida em bálsamo
Em um copo longo com muito gelo, adicione todos os ingredientes e mexa suavemente com uma bailarina. Decore com fatias de pepino e uma banda de limão siciliano.
QUEIMADINHO
Nosso segundo coquetel é um pouco mais elaborado, pois um dos ingredientes é um doce de abacaxi caramelado, que dá um toque especial à receita e faz a união perfeita dos sabores. Vamos ao doce:
1kg de abacaxi cortado em cubos
200 gramas de açúcar
Em uma panela já bem quente, adicione o abacaxi e deixe por alguns minutos. Vá mexendo algumas vezes até que o abacaxi comece a dourar. É importante mexer bem para que ele doure de todos os lados, o máximo possível. Acrescente o açúcar e mexa devagar até que ele comece a caramelizar, depois desligue e espere esfriar.
O doce de abacaxi queimado tem um sabor adocicado, levemente cítrico e com um leve amargor que é resultado do açúcar caramelado. Em cima desses sabores, usaremos limão cravo para acentuar o sabor cítrico, cynar para dar mais um leve sabor amargo e também adocicado, além da cachaça de Umburana que irá fazer o casamento perfeito disso tudo. Essa cachaça é uma das minhas preferidas, é a menina dos olhos de muitos bartenders por ser versátil e funcionar desde drinques mais leves e cítricos até coquetéis mais alcoólicos e amadeirados. Aliás, que combina muito bem com vermouth tinto por exemplo. Nossa, cheguei a salivar aqui!
Queimadinho
2 bailarinas de doce de abacaxi caramelado
15ml de suco de limão cravo
15 ml de cynar
40ml de cachaça de Umburana
Em uma coqueteleira adicione o doce de abacaxi, o suco de limão cravo e macere. Adicione os outros ingredientes. Adicione gelo, bata com vontade e com um sorriso no rosto. Verta o coquetel para um copo de caipirinha e finalize com bastante gelo picado. Ah, não precisa economizar no gelo não viu meu povo? Em outra oportunidade falarei melhor sobre o uso do gelo tá? Mas já adianto que drinques longos e refrescantes necessitam de muito gelo.
Essa são apenas duas referências para podermos pensar um pouco mais sobre o uso de diferentes cachaças em coquetéis. Se pensarmos que ainda podemos misturar os sabores dessas madeiras em diferentes tipos de blends essas possibilidades ficam ainda maiores. Bem, mas esse papo é muito longo e precisaremos de outra coluna para destrinchar o tema.
Espero que tenham gostado e que possam brindar a semana da cachaça com esses drinques. Salve a cachaça!