Rodrigo Oliveira aproveita aula de culinária no VIVA Mantiqueira para falar sobre desafios que envolvem a alimentação. Foto: Muriqui Criativo/Divulgação

Durante participação no festival VIVA Mantiqueira, realizado no último fim de semana, no distrito de São Francisco Xavier, o chef Rodrigo Oliveira falou sobre desafios que envolvem a alimentação. Entre a preparação de uma receita e outra, o cozinheiro falou sobre brasilidade, alertando para o risco da escassez de alimentos, o aumento de problemas de saúde e a importância da conexão entre produtores rurais e cozinheiros diante deste cenário.

“Enfrentamos uma série de dilemas e um deles é: vamos ter comida para todo mundo daqui a poucos anos? E mais, vamos ter boa comida e saúde? Porque no momento que temos mais recurso, mais conhecimento e menos escassez, estamos mais doentes. Em grande maioria, as doenças modernas estão relacionadas ao que a gente come. Então, é hora de questionar como a gente come, o que a gente come e aos interesses de quem a gente serve”, disse.

Segundo Rodrigo Oliveira, o restaurante e o chef de cozinha são poderosos difusores de ideias, tendo a responsabilidade de apoiar o homem do campo. “O cozinheiro tem muitas condições e deveria entender como uma obrigação dar suporte ao produtor. Poucos lugares são mais sociais e diversos que um restaurante. Todo mundo come e frequenta restaurantes. Então, é um meio poderosíssimo para apresentar as ideias certas, pois não temos mais tempo para ficar jogando com a natureza. E o produtor é peça fundamental nisso”, explicou.

BRASILIDADE. Para o cozinheiro dos restaurantes Mocotó e Balaio, estamos em um momento decisivo e histórico, onde é fundamental evoluir, entendendo que diversidade é riquezaRodrigo defendeu que tradições culinárias devem ser respeitadas, aproveitando o momento em que dispomos de mais recursos e conhecimento para favorecer inovações na cozinha.

“Deveríamos olhar para a tradição como uma inovação que deu certo. Vocês já comeram dadinho de tapioca? É uma receita nascida na Vila Medeiros, há mais ou menos 11 anos, que hoje está no Brasil inteiro, em vários lugares do mundo, sendo tido como um prato tradicional.”

Ao se despedir do púbico do VIVA Mantiqueira, festival gastronômico que tem o objetivo de promover o turismo gastronômico a partir da valorização de ingredientes e produtores locais, Rodrigo Oliveira afirmou que há um caminho longo a ser percorrido.

“Temos muito a desenvolver, muito a aprender e muito a mostrar ao mundo. E precisamos entender que a gente não tem a cozinha brasileira. Nós temos inúmeras cozinhas brasileiras, com muitos sotaques diferentes. Diversidade é riqueza.”

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