Nhoque de forno com molho de tomates frescos virou uma especialidade da Dona Antonia

Quantas vezes você já ouviu que ‘cozinhar é uma forma de amar as pessoas’? Ou que ‘o melhor tempero é o amor’ (e não estou me referindo ao Sazón). Então, peço licença a você hoje, amigo leitor, para explicar esse, que também é meu ponto de vista. Para isso, usarei como exemplo minha mãe.

A dona Antonia nunca foi do tipo que gostou de se arriscar na cozinha, essa tarefa sempre ficou com meu pai – é quase sempre dele a missão de preparar as receitas mais elaboradas, as comidas mais pesadas… Minha mãe sempre preferiu ficar com o trivial, mas, veja, isso não é uma crítica. Ao contrário.

Fazer comida simples não é tarefa fácil, mas mãe parece ter uma especial facilidade para isso, usa os temperos como ninguém. Ou vai dizer que nunca ficou com saudades daquele feijão fresco, ou do arroz soltinho, temperados com alho, feito com tanto carinho por ela?

Sinto isso ao menos uma vez por semana e confesso que, sempre que volto pra casa, a primeira refeição é sempre uma pratada de arroz com feijão. E não precisa mais nada!

Mãe não descansa e se despreocupa com a nossa alimentação nem mesmo depois de sairmos de casa, já adultos.Como se não bastasse passar meses, às vezes mais de ano, provendo nosso primeiro alimento – o leite materno.

Quem é que assina aquelas perguntas clássicas: “Já tomou café da manhã? Não vai comer salada no almoço? Já jantou? Estou te achando muito magrinho… está se alimentando direito?”

Minha mãe faz tudo isso e ainda tem uma preocupação extra com a “comida saudável”. Micro-ondas? Tentei dar de presente pra ela incontáveis vezes, “para facilitar a sua vida, mãe”. A resposta sempre foi a mesma: “não preciso disso e, na dúvida se faz mal ou não, prefiro não ter”. Para ela, o que custa voltar a comida pro fogão para esquentar, ter o trabalho de colocar o arroz em “banho-maria” para ficar quentinho e não queimar?

Em casa também não faltam verduras e legumes refogados nas refeições e se a receita vai molho, que seja caseiro, feito com tomates frescos. Lava o tomate. Cozinha. Tira a pele e a semente. Bate no liquidificador. Tempera. Cozinha. Cozinha. Cozinha… até apurar. É simples, mas também dá trabalho… e fica muito saboroso.

Fui eu quem levei a prática receita de nhoque de forno para dentro de casa e quando a fiz pela primeira vez, todos gostaram bastante. Mas adivinha quem faz, hoje, a melhor receita de nhoque de forno em casa?

Lembro do sucesso que a massa fazia entre as amigas da minha irmã quando elas saíam da escola e iam almoçar em casa. O segredo da dona Antonia? O molho caseiro. Ah, tem também aquela famosa berinjela à parmegiana — essa é receita da mamãe, e só dela. E sabe aquela macarronada “simples”, de domingo? Mamãe faz com um bife à rolê e usa o molho da própria carne no macarrão. Tudo com muito amor, claro.

E ele, o amor, sobra na cozinha da dona Antonia, com a vantagem de que se colocar um pouco a mais não estraga o tempero da comida. Ah, e ela também se diverte amando, digo, cozinhando pra gente.

Outro dia minha mãe perguntou se eu sabia como descobrir se o macarrão já estava cozido o suficiente, al dente. Eu disse que não. Ela então pegou um espaguete da panela e arremessou contra a parede. Incrivelmente, o fio de macarrão ficou grudado no azulejo. “Se grudou é porque está bom!”.

Coisa de mãe, de quem cozinha despretensiosa e carinhosamente pelo básico: alimentar aqueles a quem ama. Por isso, hoje, não poderia deixar de agradecer a você mãe, e a tantas outras mulheres que não vão para cozinha porque essa é uma obrigação, mas porque sabem que o fruto do seu trabalho nos enche de amor e satisfação.

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