A confeiteira Adriana Gomes ensina receita junina sem glúten. Fotos: divulgação.

Um bolo de pé-de-moleque sem amendoim? Sim, é possível! Durante o mês de junho, as festas juninas celebram tradições caipiras com comidas típicas. Entre as receitas, diversos pratos levam o amendoim como ingrediente principal, como o ‘Bolo Preto’. O doce é um dos mais tradicionais no nordeste, de origem portuguesa, e foi adaptado ao paladar brasileiro. No entanto, para pessoas alérgicas ou que seguem dietas restritivas, como os celíacos (intolerantes ao glúten), podem sentir dificuldades em aproveitar esta iguaria.

Pensando nisso, a confeiteira Adriana Gomes, de Natal (RN), adaptou a receita de uma forma especial. “Eu acredito que todos devem desfrutar das delícias das festas juninas, independentemente de restrições alimentares. Apesar das substituições dos ingredientes o
gosto é muito parecido. O amendoim é um ingrediente muito alérgico, apenas tocá-lo pode desencadear uma reação em alguns indivíduos. Além disso, os processos de fabricação e preparo de alimentos também apresentam risco de contaminação cruzada. Por isso, minha culinária é totalmente inclusiva”, afirma Adriana Gomes.

Confira a receita:

Ingredientes:
– 600g de farinha puba
– 200g de açúcar demerara
– 150g de manteiga
– 4 ovos
– 500g de rapadura
– 1 colher (sopa) de café solúvel
– 20g de água morna para dissolver o café
– Cravo, canela e erva-doce a gosto
– 1 pitada de sal
– 200g de castanha de caju

Modo de preparo:
1. Derreta a rapadura em uma panela com água, o suficiente até cobrir. Deixe formar um mel.
2. Bata o açúcar e a manteiga na batedeira. Em seguida, acrescente os ovos.
3. Acrescente o café dissolvido e adicione os ingredientes secos. Por último, o mel feito com a rapadura. Adicione 150g de castanhas picadas à massa.
4. Coloque a massa em uma forma untada e decore com o restante das castanhas.
5. Leve ao forno para assar a 180ºC por aproximadamente 35 a 40 minutos.

Mas afinal, o que é contaminação cruzada?

Muita gente não sabe, mas utilizar os mesmos utensílios para manusear ingredientes em receitas restritivas pode ser perigoso. Isso ocorre quando alimentos diferentes entram em contato, e o alimento considerado “seguro” passa a conter uma quantidade da outra substância que é alergênica.

Mesmo que a quantidade seja mínima, isso pode ser arriscado para pessoas com restrições
alimentares. Para os celíacos, que não podem consumir glúten, o uso de utensílios com vestígios de trigo, centeio ou cevada pode provocar uma reação adversa. A situação é a mesma para quem tem alergia ao amendoim; a contaminação cruzada com traços desse ingrediente é extremamente perigosa e pode causar reações graves, além de ocasionar a anafilaxia (dificuldade na respiração) e uma queda na pressão arterial ou até mesmo afetar a frequência cardíaca.

Por isso, a confeiteira e especialista em alimentação restritiva ressalta: “É fundamental utilizar utensílios exclusivos e manter a higienização rigorosa na cozinha para evitar a contaminação cruzada”.

Trajetória. Nascida em Natal (RN), Adriana Gomes iniciou sua trajetória na culinária sem glúten em 2019, quando foi desafiada a fazer um tradicional bolo de rolo sem glúten, típico de Pernambuco, em uma Feira Gastronômica em Quiririm, no interior de São Paulo. Foi nesta ocasião que ela começou a conhecer a dor de quem é celíaco.

Desde então, personalidades como Sabrina Sato, Chay Suede, Ana Maria Braga e Tiago Leifert já experimentaram seus produtos, elevando o reconhecimento de seu trabalho no Brasil. Adriana acredita firmemente que uma alimentação sem glúten pode e deve ser saborosa e nutritiva, desafiando a percepção de que alimentos sem glúten são apenas alternativas sem graça. Seu compromisso com a qualidade e inclusão a torna uma voz influente na alimentação restritiva.

Atualmente, Adriana mora em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde comanda a confeitaria AG Zero Glúten, um espaço totalmente livre de glúten e lactose, dedicado a proporcionar delícias inclusivas para todos.

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