Jantar comandado por Vitor Pompeu, no Moringa Mantiqueira, evidencia azeites da Mantiqueira. Fotos: Degusta Vale.

Visitar Campos do Jordão é sempre garantia de encontrar ótimos atrativos, principalmente quando o assunto é comer bem. Melhor ainda se a gastronomia estiver atrelada à experiência sensorial de quem se sentar à mesa. Com a proposta de valorizar os produtores locais, o restaurante Moringa Mantiqueira tem apostado em jantares temáticos para evidenciar alguns ingredientes.

Recentemente, foram os queijos. Neste mês, os azeites se tornaram estrela principal de um jantar em cinco tempos, conduzido pelo chef e sócio-proprietário da casa, Vitor Pompeu, na atualidade um dos principais nomes da região a encabeçar um movimento de valorização de tudo que é produzido na Serra da Mantiqueira.

Tudo bem que o friozinho ameno do outono já é por si só um ótimo convite para visitar a cidade, entretanto, o Moringa Mantiqueira agendou o jantar para maio não por conta da estação, mas porque é nesta época que a safra do azeite está fresquíssima. Ao contrário dos vinhos, azeite bom é azeite fresco, como o próprio Vitor, um grande estudioso da olivicultura, confirma.

“Quanto mais fresco a gente consumir o azeite, melhor é. Não dá pra guardar uma garrafa para uma ocasião especial. O melhor momento dele é após a colheita e extração. E aqui na região essa extração começa em janeiro, se estende por fevereiro e março”, disse.

Variedade. Ganharam destaque no jantar variedades de azeites das marcas Oliq (São Bento do Sapucaí) e Rossini (Santo Antônio do Pinhal), ambos do estado de São Paulo, além de Fio de Ouro (Maria da Fé) e Casa Mantiva (Consolação), produtores de Minas Gerais.

“O azeite não pode ter acréscimo de nenhum outro item. Pra gente chamar de azeite ele tem que ser somente o suco gorduroso da azeitona. Um azeite de qualidade tem frescor, tem esse cheiro de mato presente. Claro que tem outros aromas, mas predominantemente traz esse cheiro de grama cortada, de folha verde”, explicou Pompeu, ao conduzir a experiência.

De fato, o jantar foi uma aula sobre como apreciar este produto que tem elevado o nome da Serra da Mantiqueira internacionalmente. Afinal, recentemente, outro produtor de azeite da região, o Sabiá, também produzido em Santo Antônio do Pinhal (SP), foi classificado como um dos 10 melhores do mundo no concurso da Evooleum, em Córdoba, na Espanha. O produto foi o único brasileiro no ranking, ao lado de exemplares italianos, espanhóis e um croata.

“Dizem que quanto mais picante ele é sentido na garganta, mais antioxidantes o azeite tem. Especialmente na Europa, as sobremesas também levam azeite. Aqui no Moringa temos uma mousse de chocolate com gomos de laranja finalizada com azeite”, ilustrou o cozinheiro que para o jantar do azeite, serviu uma sobremesa à base de goiabada cremosa, marmelada, caqui com farofa crocante de cacau, lascas de queijo Alagoa, sorvete de torta de laranja e azeite.

Menu. Tudo bem que já entregamos a sobremesa antes do prato principal, mas seguindo a ordem, o chef preparou um couvert repleto de produtos da Mantiqueira, como salame de Passa Quatro (MG) e queijo de Pindamonhangaba (SP), outra marca registrada do restaurante, que é incluir produtores do início ao fim na composição das receitas.

Na sequência, o prato de apresentação dos azeites trouxe ingredientes simples para que o participante pudesse observar as variações e as espécies de azeitonas: tomatinho, pão e laranja. Como entrada, muçarela de búfala, tomatinho confit, redução de aceto balsâmico, sementes de abóbora, rúcula e pão de fermentação natural.

Como prato principal, filé de truta ao pesto de azeitonas pretas com purê de mandioquinha e azeite, brócolis, pinhões salteados, farofinha crocante de pão com salsinha e telha de pimenta caiena. Para beber, opções de vinhos, cervejas e drinques.

“O Moringa tem esse propósito de valorização dos produtores. O nosso intuito é sempre estar próximo deles, procurando formas de fortalecer a região. Nós acreditamos nesta conexão entre o universo culinário-gastronômico e o universo dos produtores. Por isso, buscamos no cardápio e nas degustações itens que representem toda a autenticidade da Mantiqueira”, declarou.

 

Valorização. Grande admirador da região, Vitor Pompeu reforça que alimentos tradicionais como queijos, cachaças, melados e farinhas, já estavam presentes por aqui desde a época dos tropeiros e que a partir de um movimento mais recente, a Mantiqueira também passou a ser representada por vinhos, cervejas e azeites.

É por este motivo que com frequência o cozinheiro pretende promover jantares como o do azeite, que destaquem produtos típicos da serra, para que mais pessoas possam despertar para esse movimento de valorização do que é nosso e priorizem o que é produzido artesanalmente.

“Quando entendemos esse processo, a rotina que está por trás dos produtores, a história deles, o que eles representam, quanto mais a gente consegue se aproximar e criar laços, mais a gente muda a maneira como nos alimentamos”, finalizou Pompeu.

SERVIÇO

O próximo evento do Moringa Mantiqueira será um Jantar Junino, agendado para 04 de junho, às 19h30. As vagas são limitadas.

Para ficar por dentro da programação do restaurante, acesse o perfil da casa no Instagram: @moringamantiqueira

O Moringa Mantiqueira fica na avenida Emílio Ribas, 478, Capivari, em Campos do Jordão. Informações e reservas: (12) 99641-2787.

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