Você já ouviu falar de Food Design? O conceito que vinha ganhando força nos últimos anos e é utilizado para criar soluções para a cadeia do alimento, desde a produção até a experiência final do cliente, se tornou uma ferramenta importante diante dos novos desafios impostos pela pandemia provocada pelo coronavírus.
A jornalista joseense e food designer Mariana Bacci, formada pelo Instituto Europeo di Design, afirma que o Food Design é uma abordagem contemporânea, inovadora e multissensorial de tudo que diz respeito aos alimentos, produção, distribuição, identidade, prazer, nutrição, cadeia de valor e cultura.
“A Rede Latino Americana de Food Design propõe repensar a relação das pessoas com o alimento. Dentro deste universo de possibilidades, o Food Design pode ser aplicado em qualquer parte da cadeia. Na arquitetura, nos utensílios, materiais, insumos, embalagens, ingredientes, equipamentos, plataformas e experiências”, explica Mariana.
Na prática, a ferramenta pode resultar em maneiras sustentáveis de produção ou no desenvolvimento de novos processos e tecnologias na indústria. E seja na forma de produto ou serviço, o Food Design conecta, cria e transforma as relações das pessoas com o alimento e, o mais importante, com empatia e colaboração.
“Hoje não podemos olhar nenhum negócio de maneira isolada. A experiência do usuário é um dos fatores mais importantes para entendermos o comportamento do consumidor e projetar novas soluções. É preciso repensar os processos a partir de um novo cenário. As ferramentas de Food Design trazem uma visão sistêmica fundamental para o momento (de pandemia)”, afirma a food designer.
Como exemplo de soluções que carregam o conceito e ficaram em evidência durante a pandemia estão os aplicativos de delivery, os serviços de entrega, os clubes de assinaturas, maior facilidade de acesso a ingredientes e até novos formatos de manipulação dos alimentos.
“Dentro dos estabelecimentos, a adequação ao momento passa por essa visão do cliente mais aprofundada. Seja no cardápio, na experiência de compra ou no ambiente. Os negócios hoje precisam estar alinhados com narrativas amplas, de origem de ingredientes, plataformas de comunicação e de sustentabilidade”, diz Mariana.
Segundo a food designer, a preocupação com embalagens mais sustentáveis e a responsabilidade social também estão fortemente agregadas ao produto. Cardápios digitais e uma gestão baseada em dados também são uma grande tendência para o pós-pandemia.
O delivery, que se revelou como um novo negócio incorporado ao salão, deve ser gerido de forma diferente, porém em conjunto. Mariana destaca que a dinâmica deve ser constante para acompanhar as transformações que vem ocorrendo. Para ela, o consumidor mais consciente, por meio das escolhas e do comportamento, tem seu protagonismo no processo.
“Estamos em um momento de ressignificar as nossas relações com o alimento e com isso redesenhar os negócios. É necessária uma análise profunda do público consumidor com empatia e inovação.”