Caixas de Azeitonas Colhidas

A produção de azeite na Mantiqueira vem ganhando mais espaço e reconhecimento a cada ano (estamos no 11º ano de extração), apesar das pesquisas com oliveiras serem realizadas há cinco décadas, foi no ano de 2008, em Maria da Fé-MG, que aconteceu a primeira extração de azeite de oliva no Brasil, um marco que impulsionou o mercado e o interesse na olivicultura, atribuindo ao município uma posição de referência no assunto.

A azeitona, palavra derivada do hebraico zayit, possui uma história extensa e única. A oliveira acompanha a humanidade há milênios, com grande importância social, cultural e comercial. Para os gregos, a origem é mitológica: Atena com sua sabedoria deu origem às oliveiras, com a intenção de produzir um óleo capaz de amenizar feridas de guerra e frutos para a alimentação.

No Brasil, a presença da planta é bem mais recente, Maria da Fé obteve sua primeira muda de oliveira na década de 1930, quando o português Emídio Ferreira dos Santos trouxe consigo sementes e conseguiu aclimatá-las, pois achara o clima do município similar ao da sua cidade de origem.Essas primeiras oliveiras hoje estão plantadas na praça da cidade ao lado de um memorial para Emídio.

A EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) promove estudos e adaptação de tecnologias para o produtor rural, sendo a unidade de Maria da Fé a responsável pelo desenvolvimento da olivicultura como Núcleo Tecnológico de Azeitona e Azeite,onde as pesquisas começaram a 30 anos.

Além de ajudar na adaptação das variedades já cultivadas em outros países como Grécia, Itália e Portugal, proporcionou o desenvolvimento da primeira variedade brasileira, chamada de Maria da Fé. Depois houve o desenvolvimento de outras variedades originais brasileiras, como Ascolano 315 e duas linhagens de Grapollo 541 e 575, que obtiveram sucesso tanto para azeite quanto para a produção de azeitona de mesa. Um aspecto a ser valorizado e difundido, já que existem inúmeras variedades deste fruto e cada uma possui características próprias, algumas mais frutadas, outras mais picantes e amargas, trazendo naturalmente aromas diversos, o que traz muitas possibilidades de criação para nós cozinheiros. As variedades de azeitona mais frequentes na região da Mantiqueira são: Koroneiki, Grapollo, Arbequina, Arbossana e Coratina.

O plantio da oliveira se expandiu por 60 municípios da Mantiqueira, com mais de 160 produtores. É importante ressaltar que as oliveiras se adaptam a terrenos com até 50% de declive e que se adequam muito bem à geografia da região, onde a produção saltou de 3 mil litros em 2012 para 80 mil litros em 2018. Ainda precisaremos de mais algum tempo para identificar quais são as características do terroir da Mantiqueira para o azeite, mas um detalhe podemos afirmar, o fato de ser consumido localmente garante ao produto maior frescor e qualidade.

Em seu ciclo, as oliveiras iniciam a frutificação a partir do quinto até o décimo ano após o plantio, atingindo o ápice da produção em um período que vai de 35 até 150 anos. É importante compreendermos os detalhes que tornam o produto mais caro, para se conseguir 1 litro de azeite processado à frio, são necessários 10 quilos de azeitonas, média anual de produtividade de uma única planta, tendo pequenas variações para cada espécie.

Na Mantiqueira a colheita das azeitonas acontece entre os meses de fevereiro e abril. Para otimizar o lagar (maquinário que realiza a prensagem da azeitona) que, teoricamente, fica parado em grande parte do ano, alguns produtores estão extraindo azeite de abacate. Este produto também pode receber a nomenclatura de azeite por se tratar de um óleo de um fruto. Tendo um resultado mais neutro, oferece também uma série de possibilidades para sua utilização, em alguns casos produzido com a infusão de outros elementos aromáticos, como por exemplo, o limão.

O azeite de oliva quanto mais novo, melhor é! Portanto, se tiver a oportunidade de provar a safra de 2019, terá o privilégio de sentir o máximo frescor do item. Celebrando a colheita, o município de Maria da Fé-MG realizará nos dias 12 e 13 | 18 a 21 de abril a Festa do Azeite Novo 2019, evento que contará com uma programação repleta de palestras, degustações, muita comida, jantar com o chef Laurent Suaudeau e ainda um concurso gastronômico valorizando o emblema da cidade, o Azeite da Mantiqueira!

Para mais informações acesse www.festadoazeitenovo.com.br

Ideia central do artigo elaborada pelos alunos Gabriel Fernando Nunes e Guilherme Fini do curso de Gastronomia do Senac Campos do Jordão

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