Sempre gostei da imagem dos fios de ovos – cachoeiras de ouro! Colocados como coadjuvantes, servem para arranjos de mesa em festas e decoração em muitos doces. Enfeitam, adoçam e alegram os olhos.
É um prato típico português feito com ovos e açúcar. Apenas isso: ovos e açúcar. Parece fácil, não?
O açúcar é para fazer a calda aonde os ovos vão sendo
depositados lentamente. A calda fervente cozinha os fios assim que se encostam
nela. Retira-se, côa-se o excesso de calda em um pano branco ou coador e depois
se abrem os fios para secar melhor ou coloca-se numa peneira, lava-se com água
filtrada e deixa-se secar.
Simples,
não? Asseguro que não.
É
muito difícil fazer com que o ovo faça o fio. Na maioria das vezes ele cai em
bloco e vai ficando uma massaroca! Um pelote de ovo sendo cozido na calda
fervente de açúcar! Ué? Mas tem os conezinhos que separam o ovo…
Mas
os fios se atraem como imã… Vão se juntando… Juntando… E para nosso
desgosto cozinham-se em bloco!
A
calda tem que estar na temperatura certa, os ovos batidos devem ser colocados
de maneira uniforme na calda e com MUITA PACIÊNCIA!
Ah!
Então foi por isso que não deu certo! Tem que ter paciência…
Cozinheira,
doceira, boleira tem que ter muita paciência. Tem que gostar muito do que faz.
E tem que ter calma para acertar o “ponto” dos alimentos que confecciona.
Minha
sogra tinha todas essas qualidades. E fazia fios de ovos como ninguém! Foi dela
que herdei o aparelhinho que ilustra esse texto. A ela e a todas as boleiras e
cozinheiras o meu respeito e reverência.
Não,
não faço fios de ovos – sou completamente incompetente para isso – mas adoro
comê-los. Com cerejas, com nozes, com bolo, com sorvete… Com quase tudo, até
com peru, no Natal! Viva! A época está chegando!