Se alguém te perguntar se você já esteve no O Turco Gordo, em São José dos Campos, talvez, a sua resposta seja: onde fica isso? Mas, certamente, se a mesma pergunta for refeita usando o nome do dono do bar (você já esteve no James?), é muito provável que você responda: opa, estou lá toda semana ou, pelo menos, tem algum conhecido que não sai de lá. Em tempos onde a palavra ‘mito’ anda sendo mal utilizada, peço licença para relatar a história de um verdadeiro mito joseense que hoje, 25 de setembro de 2018, completa 50 anos: James Willian dos Santos.
A história do bar que neste ano fez 20 anos e está consolidado na esquina entre as ruas Santa Clara e Pedro de Toledo começou em 1998. À época, uma crise econômica e a alta do dólar tornaram os negócios de James com duas papelarias inviáveis, uma delas funcionando, inclusive, no exato lugar onde hoje existe o bar, porque muitos itens eram importados. Literalmente para afogar as preocupações, James criou um ritual: fechar a papelaria e após às 18h tomar cerveja com os amigos, entre eles, o “Gordinho” (Sérgio Gustavo Mello da Silva), frequentador da casa até hoje, que foi peça fundamental para o surgimento de O Turco Gordo.
“Nessa chegavam outros camaradas que compravam cerveja na mercearia do Sr. Figueiredo e íamos bebendo. Um dia eu estava com o Sérgio (Gordo) e disse para ele que depois do Natal eu iria fechar essa loja para ficar só com uma unidade e ele falou: pô, Turco! Não vai dar mesmo? Respondi que estava difícil e contei que em São Paulo as papelarias estavam vendendo coxinha e refrigerante dentro da loja para sobreviver”, relembrou James.
Bastou essa informação para o amigo pedir um martelo para James e ir quebrando os vidros da janela da papelaria com a justificativa de que eles poderiam vender coxinha e cerveja para a galera depois do trabalho. “Eu só perguntei: Gordinho, o que você está fazendo? Você está louco? Mas não teve jeito”, contou o empresário.
A CASA. De papelaria às cervejas com coxinha que eram fabricadas pela casa de massas Vila Ema, logo entraram os sanduíches de baguete que até hoje são hoje o carro-chefe de O Turco Gordo. Aliás, entre os que mais saem está o Istambul, que leva filé mignon, bacon, presunto, ovos, mussarela, tomate, alface e maionese, que foi criado pelo próprio James.
O contato estreito com os clientes, a cerveja gelada na calçada, os cardápios com capas de discos clássicos de bandas, como Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden e Beatles, entre outros detalhes no bar têm relação com a história pessoal de James, que se tornou um personagem querido de São José.
“Foi uma combinação entre momento econômico, baixa quantidade de bares e lanchonetes naquela época, a Embraer trazendo muitos funcionários para a cidade e muito trabalho da nossa parte. Eu abria às 9h e às vezes fechava às 4h da manhã. Dormia em cima do freezer do bar e o principal sempre foram os meus clientes”, disse James, sobre a fórmula do seu sucesso.
Aliás, no dia dos seus 50, James afirma só ter agradecimentos a fazer: “a todos os meus clientes, principalmente, de quando o bar ainda era uma portinha, ao Gordo (Sérgio Gustavo), a minha mãe que é toda a minha base, a minha irmã, que é fera e a minha ex-mina Maria Clara que me deu muito apoio em todos esses anos.”
Hoje, dia do seu cinquentenário, a rotina do bar segue normalmente, porém, com o diferencial de que o ‘Geimão’ tirou o dia de folga. Afinal, só se completa 50 anos uma vez na vida e a data emblemática merece ser comemorada. Então, fica aqui a nossa homenagem para o aniversariante que é fã de futebol, corintiano, mas não precisa fazer gol para pedir música: o seu espírito rock’n’roll por si só, que deu vida ao bar, já merece um Led Zeppelin. Sobe o som!
SERVIÇO. O Turco Gordo fica na Rua Pedro de Toledo, 108 – Vila Adyana, em São José dos Campos. Telefone: (12) 3922-9952. A casa abre todos os dias, das 17h à meia-noite.
Uma boa história + talento = uma bela matéria! Parabéns Renata e ao James que é tradicionalíssimo em sjc…