Carnaval – carne levaris – carnelevale – carne subtraída!

Carnaval… Ah! O carnaval! Época de divertimento, de alegria, de festas, de comilanças, de danças e porque não dizer de transgressões também. O carnaval também se distingue pela suspensão temporária das regras da vida normal – ah, entendi!!!

Festa ruidosa que acontece no mundo todo, o carnaval existe há muito tempo: os Querubins egípcios, as Saturnais romanas, as Bacanais gregas faladas nas crônicas da Idade Média são as mesmas do carnaval de Veneza, de Roma, de Paris, do Rio de Janeiro e das tribos amazônicas.

Após essa fartura enorme do carnaval, depois da “terça feira gorda” e a partir da quarta-feira de Cinzas, começa a Quaresma, época de reflexão e de jejum para os cristãos. É o período de quarenta dias que antecede a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo.

O jejum é apresentado como “ocasião de crescimento”, é o colocar-se no lugar de quem não tem “sequer o mínimo necessário”, afetado pela fome. Os dois dias de jejum e abstinência obrigatórios aos católicos são a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, ou da Paixão.

Costumes praticamente perdidos nas grandes cidades, é raro encontrar alguém que ainda faça jejum nos quarenta dias após o carnaval. Há sim aqueles que deixam de comer coisas de que gostam muito, como penitência – chocolate, refrigerante, cerveja – para “pagar” os pecados cometidos durante as festas carnavalescas ou como promessa para conseguir alguma coisa.

De qualquer forma, o alimento está sempre presente em nosso cotidiano para nos saciar, para festejar, para marcar uma data comemorativa ou para que nos privemos de algo bom e gostoso para nos purificar. E nesse período é o que acontece também. O jejum termina na Semana Santa com o domingo de Páscoa.

Não se come carne vermelha, mas consomem-se peixes preferencialmente os pequenos, pois têm a carne branca e não vertem muito sangue quando fisgados (referência ao sangue de Cristo na cruz). Deve-se, então, preferir os peixes salgados, isentos de sangue – daí o grande consumo do peixe tipo bacalhau.

Os legumes são liberados assim como as verduras e os alimentos amargos como o jiló (lembrando a amargura de Jesus no Calvário). Doces, queijos, gorduras e ovos são alimentos proibidos assim como as bebidas alcoólicas.

Quando chega o Domingo de Páscoa tudo se modifica!

A mesa farta (de alguns) no almoço familiar anuncia a ressurreição de Jesus. As crianças procuram pelos ovos de chocolate escondidos minuciosamente, e as brincadeiras deixadas de lado na Quaresma voltam a existir. Músicas e risos ecoam pelas casas. É tempo de renascer.

Bacalhoada (a de panela com muito azeite), bacalhau de forno (com muita batata), salada de bacalhau (com pimentão de várias cores), são receitas brindadas com vinho. Postas de bacalhau, bacalhau desfiado, filé de bacalhau, ou de pirarucu, nosso bacalhau brasileiro, são sempre bem vindos nessa ocasião. Sobremesas doces e com chocolate também fazem parte da mesa tradicional – mousse, pudim, sorvetes com muita calda – sem esquecer os tradicionais ovos de chocolate dos mais variados tamanhos e tipos (crocantes, ao leite, recheados, brancos e marrons).

Dos ovos de galinha cozidos e com as cascas (ricamente) pintadas aos de chocolate com brinquedos dentro, a cultura brasileira vai se transformando e os alimentos sempre participam dessa jornada.

Uma Feliz Páscoa a todos!

Deixe uma Resposta

dois × 1 =