Frango de padaria e Coca-Cola, com aquela garrafa de um litro.
Todo domingo este era o cardápio do almoço lá em casa. Minha mãe preparava meus irmãos e eu, nos deixava de banho tomado e roupa arrumada – à época o traje era conhecido como ‘roupa de sair’. Então, ela comprava o franguinho e o refrigerante (bem gelado!), artigo de luxo naqueles tempos, quando a inflação atingia números extratosféricos (sim, maior do que hoje).
Era um dia especial. Meu pai vinha de São José dos Campos e nos visitava em Taubaté. O contato nesses tempos se dava por meio de cartas e fotos. Não tínhamos telefone, nem tevê a cores. He-man, Scooby-Do e outros desenhos eu só via colorido na casa da minha avó, a Dona Nívia.
Meu pai, nesses tempos, mandava cartas em que narrava suas aventuras como repórter. Geralmente, enviava junto uma foto (em PB) dos bastidores da reportagem. No verso, desenhava a família. Adorávamos aquilo. Ele escrevia ‘Família Patropi’, narrava alguma história engraçada. Então, as visitas de domingo eram uma festa. Depois de comer meu pai voltava para a casa dele e nós ficávamos contando os dias até o próximo domingo.
Minha mãe então pegava um ossinho de frango, sabe aquele com que se tira a sorte? Quem ganha a disputa tem direito a um pedido. Hoje, se tivesse essa chance, eu pediria frango de padaria e uma Coca bem gelada.
E que fosse tudo igual. Só que diferente.