Viajar é preciso, viver não é preciso

Conhecendo os sabores da Mantiqueira

Parafraseando o poeta Fernando Pessoa “viajar é preciso, viver não é preciso”, a primeira tarefa que nos impusemos quando começamos a pensar na execução do nosso projeto, foi a de traçar critérios claros e precisos que norteassem as nossas viagens e visitas. Mas, por mais que imaginássemos como seriam esses encontros, fomos surpreendidos pela riqueza cultural e humana que experimentamos em cada um desses momentos. É, viver não é mesmo preciso.

A ideia desse projeto, cujos resultados partilharemos com os leitores dessa coluna nos próximos meses, surgiu de uma necessidade percebida junto aos nossos alunos do curso de gastronomia do SENAC de Campos do Jordão, de não apenas aprender a preparar os alimentos, mas de entender o que comemos e por que o fazemos. Nesse sentido, se torna oportuno levar a discussão sobre alimentação à esfera comunitária, discutindo questões que vão além dos aspectos meramente culinários.

Consideramos necessário para os profissionais da área e também para os consumidores conhecer a origem e a forma de produção dos alimentos; para que assim possamos fazer escolhas mais saudáveis e que sejam economicamente sustentáveis; possibilitandoo desenvolvimento local, a preservação do meio-ambiente e a valorização da cultura gastronômica regional. Isso implica na valorização do produtor e do processo produtivo, apoiando-o para formar o que Carlo Petrini, fundador do movimento “SlowFood” denomina comunidade do alimento.

O projeto Sabores da Mantiqueira: roteiro gastronômico da região do rio Sapucaí Mirim nasce com a finalidade de conhecer e valorizar os produtores de alimento em nossa região, registrar nossas descobertas, emoções e momentos vividos. As expedições acontecerão em oito cidades da Serra da Mantiqueira: Gonçalves, Paraisópolis, Sapucaí Mirim (MG); São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier, Monteiro Lobato e Campos do Jordão (SP).

Quando estamos em visita a campo, o universo ao nosso redor se modifica, a paixão que vemos e sentimos nasce da vontade de compartilhar o conhecimento; chefs, cozinheiros, professores e produtores se unem em prol de um só objetivo: que os sabores e os saberes encontrem sempre seu caminho ao longo da gastronomia e da cultura.