O que você faz com a sobra dos alimentos?
Cerca de 5% da população que ainda passa fome no Brasil poderia ser alimentada com a comida desperdiçada que jogamos no lixo
No primeiro dia últil do ano, lá estava eu na cozinha depois de um dia de trabalho. Felizmente, a ceia de Ano Novo foi farta e sobrou boa parte do meu salmão assado.
Quando abri a geladeira e dei de cara com o peixe, logo tive a ideia para o cardápio do jantar: espaguete com lascas do pescado. Simples e saboroso.
Enquanto o macarrão cozinhava comecei a pensar no quanto as festas de fim de ano são bons exemplos do quanto exageramos e damos espaço para o desperdício.
Assim como eu, todos que participaram da nossa ceia voltaram pra casa com, pelo menos, metade dos pratos que prepararam. Se todos conseguiram comer ou reutilizar as sobras? Não sei!
Apesar de parecer óbvio o reaproveitamento, pesquisas indicam que o desperdício de alimentos em todo mundo está longe de ser o ideal. Um terço do que é produzido globalmente é descartado. A perda equivale a 1,3 bilhão de tonelada por ano.
Só no Brasil, segundo o Empraba (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o que vai pro lixo seria mais que o necessário para alimentar os cerca de 5% da população que ainda passa fome no país. Isso sem considerar que mais de 3% da população que tem o que comer ainda não se alimenta da maneira ideal.
E tem mais. Apenas um quarto do que é desperdiçado nos Estados Unidos e na Europa seria suficiente para alimentar cerca de 800 milhões de pessoas.
Ainda segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 28% dos alimentos que chegam ao final da cadeia em países latino-americanos são desperdiçados. Ou seja, é na cozinha que pode boa parte desses alimentos são desperdiçados.
Como todo processo de mudança deve começar por ações individuais, podemos contribuir, e muito, para a redução desse problema, planejando melhor o nosso cardápio semanal, comprando e /ou preparando somente a quantidade de verduras, legumes e frutas que serão consumidos. Mas não só isso.
Outra dica importante é utilizar integralmente os alimentos. Ainda é muito comum o descarte de cascas e folhas, por exemplo, que poderiam render receitas tão saborosas e nutritivas quanto aquelas que utilizam a parte convencional dos alimentos.
Veja o caso da casca da banana. Ela tem 106,6% mais potássio que o resto da fruta e pode ser utilizada para fazer doces e bolos. Já a casca do abacaxi, que pode virar suco ou chá gelado, tem 102% mais proteína, 151% mais fibras, 61% mais vitamina C e 119% mais cálcio.
Talos de folhas, folhas de legumes também podem virar refogados, recheios de tortas e uma infinidade de outros pratos. Receitas na internet não faltam. Então, fica aqui a sugestão para, em 2017, termos um consumo mais sustentável e com menos desperdício. Quem topa o desafio?