“Pois existe hábito menos egoísta,tempo menos desperdiçado do que preparar algo delicioso e nutrir as pessoas que você ama?”. “Todos nós temos lembranças de alguém cozinhando para nós… Esse ato de generosidade e amor ainda está presente em nossa memória”.

Essas são apenas algumas das frases do jornalista norte americano Michael Pollan que ficaram martelando na minha cabeça desde que assisti, em março, a série “Cooked”, da Netflix, inspirada no livro homônimo do escritor e também professor da Universidade da Califórnia, em Berkeleye.

Depois de muito pensar sobre algumas mensagens das obras — o livro foi traduzido como “Cozinhar – Uma História Natural da Transformação” (ed. Intrínseca) — e inconscientemente ter voltado a me arriscar no fogão, resolvi aproveitar esse espaço para fazer a minha parte e tentar ecoar a mensagem de Pollan: precisamos redescobrir os alimentos e suas origens e, de uma vez por todas, voltar a colocar a mão na massa, ir para a cozinha.

Claro que se você está lendo essa coluna é porque o tema gastronomia te interessa e isso,muitas vezes,reflete na nossa vontade e necessidade de estar em bares, restaurantes e outros similares para experimentar coisas novas, diferentes. E não há mal algum nisso. O ponto ao qual quero chegar é outro…

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Onde vamos parar? Em um dos episódios de “Cooked”, alguém diz: “Se eu perder essa tradição (de cozinhar), eu terei perdido meu conhecimento”. É isso que me assusta. Quanto mais dedicamos nosso tempo à TV (inclusive aos programas de gastronomia), à internet, ao trabalho e, em alguns casos, até à academia, menos temos tempo de preparar nossos alimentos e ter contato com os ingredientes frescos. Viva o industrializado e o congelado!

E se isso já faz parte da nossa cultura, como será a dos nossos filhos e netos… Será que eles serão capazes de reconhecer pelo nome frutas, verduras e legumes andando por feiras-livres? E as nossas receitas típicas, regionais, serão capazes de sobreviver ao tempo?

Tudo bem! Essa conversa pode parecer ou até ter algum teor utópico. Até cheguei a pensar em como ela repercutiria, mas, a verdade é que, de fato, estou vivendo uma fase em que voltar a acreditar em utopias tem me feito um bem danado, obrigado!
Então, não me importam os comentários (se forem negativos). Se essas referências fizerem uma única pessoa voltar a cozinhar, mesmo que para si mesma — e isso às vezes é chato, até meio deprimente — já poderei me sentir vitorioso.

Ah, não ter dado detalhes sobre o livro e a série não é uma desatenção, é, na verdade, uma tentativa de instigar você, caro leitor, a fazer sua própria avaliação do material. Nesse caso, tenho certeza que entrará para o nosso time.

Mais sobre as obras:
‘Cooked’ – Série do serviço de streaming Netflix composto por quatro episódios: ‘Fogo’, ‘Água’, ‘Ar’ e ‘Terra’

Assista o trailer: https://goo.gl/6K4nsk

‘Cozinhar – Uma história natural da transformação’
Livro lançado em 2014, pelo jornalista Michael Pollan, estudioso da alimentação moderna.No Brasil, o livro foi lançado pela ed. Intrinseca. Preço: R$ 49,90

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